O 'Auto da Compadecida 2': conheça o universo de Suassuna
02 de Jan, 2025
"O Auto da Compadecida 2" é a aguardada sequência do clássico brasileiro de 2000, baseada na peça homônima de Ariano Suassuna. O filme tjá está em cartaz na Cinépolis do RioMar.
A trama retoma as aventuras de João Grilo e Chicó, interpretados por Matheus Nachtergaele e Selton Mello, respectivamente. Após 20 anos desaparecido, João Grilo retorna a Taperoá para se reunir com seu antigo amigo Chicó. Sua história de ressurreição se espalha, e ele se vê envolvido em disputas eleitorais na
O elenco conta ainda com Taís Araújo no papel de A Compadecida, Juliano Cazarré como Omar e Virginia Cavendish reprisando seu papel como Rosinha. A direção é de Guel Arraes, que também dirigiu o filme original, com co-direção de Flávia Lacerda. O roteiro é assinado por Guel Arraes e João Falcão.
"O Auto da Compadecida 2" promete trazer de volta o humor e a crítica social que consagraram o primeiro filme, explorando novas aventuras dos carismáticos personagens no sertão nordestino.
Ariano Suassuna e O Auto da Compadecida
Ariano Suassuna (1927–2014) foi um dos mais importantes escritores, dramaturgos e pensadores da cultura brasileira. Nascido na Paraíba, Suassuna se destacou por sua defesa inabalável da cultura nordestina e por sua habilidade em mesclar elementos da tradição popular brasileira com temas universais, criando obras de grande impacto artístico e social.
Sua obra mais famosa, O Auto da Compadecida, foi escrita em 1955 e é considerada um marco da literatura e do teatro nacional. A peça é classificada como um "auto" popular, gênero teatral medieval que Suassuna reinventou com um toque de brasilidade. Inspirada nas tradições orais, cordéis e na cultura popular do sertão nordestino, a peça traz elementos de comédia, drama e crítica social, tornando-se uma representação autêntica do Brasil profundo.
A trama gira em torno das aventuras e desventuras de dois personagens inesquecíveis: João Grilo, o esperto e irreverente nordestino pobre, e Chicó, o medroso e ingênuo contador de histórias. Os dois protagonizam situações cômicas e ao mesmo tempo críticas, em meio à miséria e injustiças do sertão, usando a esperteza como meio de sobrevivência. O texto também traz figuras emblemáticas, como a Compadecida (a Virgem Maria), que simboliza a misericórdia e a esperança dos mais humildes, em contraste com o julgamento rígido do Diabo e das autoridades locais.
Com O Auto da Compadecida, Ariano Suassuna conseguiu unir a tradição popular nordestina com o teatro moderno, apresentando questões profundas sobre fé, justiça e desigualdade social, sempre com humor e poesia. A peça foi adaptada várias vezes para o cinema e a televisão, sendo a versão de 2000, dirigida por Guel Arraes e estrelada por Selton Mello e Matheus Nachtergaele, um verdadeiro fenômeno cultural. O filme consolidou a história como um clássico da dramaturgia brasileira, ampliando o alcance da obra e encantando novas gerações.
Ariano Suassuna, com sua genialidade, deixou um legado imensurável para a cultura brasileira. Ele não apenas deu voz às tradições do povo nordestino, mas também apresentou ao Brasil e ao mundo uma identidade cultural rica, vibrante e profundamente humana. O Auto da Compadecida, com seu humor crítico e sua linguagem acessível, permanece atual e universal, refletindo as lutas, esperanças e alegrias do povo brasileiro.